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// A RUA. Rua Mouzinho da Silveira
Em Janeiro de 1874, o então Presidente da Câmara, Pinto Bessa, anunciava os trabalhos de abertura, ainda que a meio gás, de uma artéria que se tornaria nos anos subsequentes, um dos maiores polos comerciais da cidade do Porto.
Obra de grande complexidade para a época, quer pelo desafio de engenharia, quer pelo importante número de obras de arte e artefactos que possuía, foi também uma obra de grande custo para o município, estando orçada em 22.504$600 reis.
As principais causas para tão alto valor de obra, foi a frontal oposição da Confraria de S.Chrispim, detentora de várias propriedades no terreno, o custo associado à sua expropriação e toda a tramitação legal e burocrática associada, bem como o número elevado de propriedades a demolir ou adquirir e o futuro comprimento da rua.
No projeto inicial para esta artéria, figurava sensivelmente a meio da rua, um espaço dedicado à Capela e Hospital de S.Chrispim que já lá figuravam, e que mais tarde dariam lugar à sede do banco Aliança.
No entanto o propósito camarário foi alvo de forte contestação em Tribunal, por parte da Confraria, devido aos custos de reconstrução, localização e valores para a expropriação.
Terminada a contenda judicial, a Capela e o Hospital de S.Chrispim, foram então demolidos, e reconstruídos mas não nas localizações anteriormente previstas, passando para a Rua Santos Pousada, no antigo Largo da Póvoa de Cima, hoje conhecido por Praça Rainha Dona Amélia, onde ainda hoje se encontra.
Quanto à futura Rua Mouzinho da Silveira, o seu projeto inicial foi novamente alterado, passando a prever o alargamento da via em 3 metros, dos 16 previstos inicialmente para os 19.
Estimou-se que foram mais de 200, os artigos matriciais alvo de expropriação.
Finalmente, a 15 de Dezembro de 1881, por deliberação camarária foi denominada por Rua Mouzinho da Silveira a ligação entre a Rua das Congostas e a Rua dos Ingleses.
Posto isto, em 1882, é inaugurado o primeiro serviço de transportes coletivos, feito com recurso a carruagens em cima de carris, movidos inicialmente a tração animal, que servia todo o seu traçado.
Esta ligação foi primordial, uma vez que pouco mais tarde foi inaugurada a Estação de Caminhos de Ferro de S.Bento.
Seria somente já nos anos 80 do século XX que foram removidos os carris.
A inauguração e abertura da Rua Mouzinho da Silveira foi um dos acontecimentos mais marcantes no plano urbanístico, do final do século XIX, para a cidade do Porto.
Construída sobre o leito do antigo Rio da Vila - que viria a ser canalizado por um aqueduto construído com dimensões e solidez de construção assinaláveis, medindo aproximadamente 365 metros de comprimento, 2,5 metros de largura e 3,35 metros de altura – a Rua Mouzinho da Silveira visava oferecer ao Porto, uma via de ampla e de fácil comunicação entre o Rio Douro e as zonas baixas da cidade e o seu interior.
Como características marcantes da sua edificação, a rua foi prontamente construída com recurso a edifícios de vários pisos, em ambos os lados, com lojas ao nível do solo e os restantes dedicados a escritórios e habitação.
A sua localização especial entre a zona Ribeirinha, o Cais, a Nova Alfândega e os recentes caminhos-de-ferro, fizeram com que rapidamente a Rua Mouzinho da Silveira se tornasse o eixo fulcral de toda a atividade comercial e mercantil do Porto, estando no seu traçado sedeadas as principais empresas da área transportadora, os despachantes alfandegários, as principais casas de Vinho do Porto, a Feytoria Inglesa, a Associação Comercial do Porto e todo o centro económico-financeiro, com destaque para o Banco de Portugal e principais companhias de seguros.
Entre as mais florescentes lojas comerciais destacavam-se a Pharmácia Internacional, a Relojoaria Andrade Mello, a Companhia de Seguros Argus, a sede e armazém das Águas Castello e a Casa das Rolhas.
// A RUA. José Xavier Mouzinho da Silveira
José Xavier Mouzinho da Silveira (1780-1849), foi um político liberal português, e uma das personalidades mais importantes da revolução liberal.
Foi um dos legisladores mais ativos da época, e foi responsável por mudanças marcantes nos sistemas fiscais e judiciais, algumas das quais se mantiveram até aos dias de hoje, na sua essência inalteradas.
Impostos como a SISA, a organização administrativa e judicial do país em concelhos e comarcas, e a criação do Supremo Tribunal de Justiça foram algumas das suas marcas.
Uma rua com o seu nome foi a homenagem da Cidade do Porto ao político, que durante a sua estadia no Porto promulgou e publicou várias das suas reformas legislativas.
// AS BANDEIRAS. Casa Mouzinho
Moisés Luiz da Rocha Paiva, nascido a 7 de Fevereiro de 1934, mantém em actividade a Casa Mouzinho, tradicional Casa Comercial da Rua Mouzinho da Silveira e um dos mais antigos estabelecimentos desta artéria portuense.
Nos seus 53 anos de existência, a Casa Mouzinho especializou-se na produção e venda de bandeiras de todo o Mundo. Conversamos sobre o passado, o presente e o futuro, da Rua, do seu estabelecimento e do prédio.
Mouzinho sempre foi uma rua de clara vocação comercial. Quais são as principais diferenças entre os dias de hoje e a Mouzinho de antigamente?
Na altura o comércio proliferava e haviam estabelecimentos porta sim, porta não. Muitos armazéns, alguns deles de grande dimensão. Existia igualmente muito comércio a retalho, as chamadas "lojas tem tudo", onde se podia encontrar de tudo um pouco.
De igual modo, existiam igualmente muitas lojas de mercearia e muitas casas de ferragens.
No entanto com o passar dos anos, a maior parte desses estabelecimentos foram fechando, e dando lugar a outros.
Quais as causas para isso ter acontecido?
A vida foi ficando mais difícil, e com o aparecimento das grandes superfícies e falta de lugares para estacionamento, as pessoas foram deixando a rua.
Casa Mouzinho. Qual o futuro?
Vamos continuar a desenvolver a actividade do comércio de bandeiras. Antigamente também vendíamos malhas e miudezas, mas é nas bandeiras que vamos continuar a apostar.
Pensa em exportação, ou prefere manter a sua base de clientes?
Não. Exportação, não. Isso implicava ter uma máquina montada que pudesse dar resposta às solicitações que podiam aparecer. Vamos continuar a vender para os nossos clientes habituais, clubes, colectividades e municípios e os emigrantes.
Antigamente havia muito movimento, principalmente no Natal. Chegavamos a vir para aqui no dia 24 de Dezembro depois da consoada para darmos resposta aos nossos clientes.
Agora o movimento de clientes ao balcão é muito menor, embora passe muita gente por causa do turismo.
De que se recorda do prédio, dos seus moradores e vizinhos?
Quando vim para aqui a loja já estava devoluta, embora fosse noutros tempos um armazém de mercearia, mas que nem chegamos a conhecer.
Recordo-me que os moradores eram essencialmente despachantes, que iam e vinham, uma vez que o movimento alfandegário estava muito ligado aqui à parte baixa. Pessoas ligadas aos transitários e caixeiros viajantes. Estiveram aqui também uns arquitetos.
// O PRÉDIO. Prédio das Bandeiras
"...é um exemplo de boa reabilitação urbana e que contribui para a conservação do património histórico da nossa cidade."
// RECONSTRUÇÃO. Passado e Presente
Proposta de um desafio numa Recuperação de um edifício de séc. XVIII, no Centro Histórico do Porto, numa das Ruas mais emblemáticas – Mouzinho da Silveira.
O programa define uma loja no piso de entrada e cave e quatro habitações nos restantes pisos superiores.
A intervenção parte de uma estrutura existente desenvolvida através do acesso vertical localizado nas traseiras do edifício. Procuraram-se manter as mesmas tipologias, introduzindo elementos associados à contemporaneidade.
Retiramos as instalações sanitárias localizadas no acesso vertical e introduzimo-las dentro das habitações.
Mantivemos o sistema construtivo tradicional, estrutura de madeira, vigamento de secção retangular em madeira de riga e soalho de pinho. Nas paredes interiores em taipa de fasquio, substituindo o reboco por gesso cartonado.
Pretendeu-se conservar o edifício reconstruindo pequenos espaços em avançado estado de degradação, satisfazendo as condições de salvaguarda do património e utilizando metodologias contemporâneas de intervenção no património edificado.
// Alçado principal e localização do Prédio das Bandeiras.
// RECONSTRUÇÃO. Passado e Presente
// FACHADA ANTES DA CONSTRUÇÃO
// FACHADA DEPOIS DA CONSTRUÇÃO
// PLANTAS ANTES DA CONSTRUÇÃO
// PLANTAS DEPOIS DA CONSTRUÇÃO
// APARTAMENTOS. Piso 1
// Piso 1
Habitação de tipologia T0, sala, cozinha, Instalação sanitária, com um compartimento individual para a sanita e arrumos.
O estado de conservação permitiu recuperar a maioria dos elementos construtivos pré-existentes.
No teto procurou-se manter a estrutura existente, valorizando o desenho em gesso e o seu pé direito.
As paredes, o teto e os vãos exteriores e interiores, de cor branca, acentuando a luz natural que flui através dos espaços, com o contraste da madeira do pavimento escura.
Sala 24.50m2 | cozinha 7.00m2 | Arrumos 2.00m2 | Instalação sanitária 6.00m2
Todos os compartimentos com pavimento de madeira de pinho, rodapés de madeira com 60cm alt., teto de estuque sob fasquio pintado. As paredes, rodapés, tetos e vãos pintados de cor branca. Recuperação dos vãos interiores e exteriores. Cozinha da MOB toda equipada com eletrodomésticos da "Fagor". Instalação Sanitária com o compartimento da sanita e bidé individual da "Sanindusa" e banheira Carlton de cor vermelha e branca.
// APARTAMENTOS. Piso 2
// Piso 2
Esta fração tem uma configuração idêntica ao piso 1, acrescentando um hall para a Instalação sanitária, simulada através de um armário.
Habitação de tipologia T0, sala, cozinha, Instalação sanitária e arrumos.
Foram realçados os elementos estruturais, as caixilharias e os pisos de madeira, mantendo o desenho dos rodapés e dos vãos interiores.
Hall 2.00m2 | Sala 24.00m2 | cozinha 6.50m2 | Arrumos 2.00m2 | Instalação sanitária 4.50m2
Todos os compartimentos com pavimento de madeira de pinho, rodapés de madeira com 60cm alt., teto de gesso cartonado pintado. As paredes, rodapés, tetos e vãos pintados de cor branca. Recuperação dos vãos interiores e exteriores. Cozinha da MOB toda equipada com eletrodomésticos da "Fagor". Instalação Sanitária completa com os sanitários da "Sanindusa".
// APARTAMENTOS. Piso 3
// Piso 3
Configurações distintas em relação aos pisos inferiores.
Habitação de tipologia T0, hall, sala/quarto, cozinha/sala, Instalação sanitária.
Nesta fração criaram-se planos móveis de cor branca (portas e armários) de modo a conceber espaços para arrumação.
Hall 2.00m2 | Sala 15.00m2 | Cozinha 4.00m2 | Quarto 18.00m2 | Instalação sanitária 3.50m2.
Todos os compartimentos com pavimento de madeira de pinho, rodapés de madeira com 60cm alt., teto de gesso cartonado pintado. As paredes, rodapés, tetos e vãos pintados de cor branca. Recuperação dos vãos interiores e exteriores. Cozinha da MOB toda equipada com eletrodomésticos da "Fagor". Instalação Sanitária, lavatório, sanita e base de chuveiro da "Sanindusa".
// APARTAMENTOS. Piso 4
// Piso 4
Na habitação do piso quatro procurou-se repor o desenho original, conferindo à casa uma flexibilidade espacial, mas sobretudo uma imagem contemporânea. O terraço no último piso com vista para as coberturas do centro histórico do Porto é o espaço com mais luminosidade de todo o edifício.
Habitação de tipologia T0, sala/cozinha, arrumos/quarto, Instalação sanitária.
A alteração do teto na sala/cozinha, de modo a dar uma maior amplitude, a introdução de iluminação zenital, por dois vãos na cobertura, permitiu acentuar a luz natural.
Sala 16.00m2 | Cozinha 7.50m2 | Arrumos com claraboia 7.00m2 | Instalação sanitária 3.50m2, com claraboia | Varanda 14.00m2.
Todos os compartimentos com pavimento de madeira de pinho, rodapés de madeira com 60cm alt., teto com formato inclinado de três águas, de gesso cartonado pintado . As paredes, rodapés, tetos e vãos pintados de cor branca. Recuperação dos vãos interiores e exteriores. Cozinha da MOB toda equipada com eletrodomésticos da "Fagor". Instalação Sanitária completa com os sanitários da "Sanindusa".
// EQUIPA.
NRBU - Nuno Ramiro Bernardo Unipessoal
Nuno Ramiro Bernardo
Dr. Edgar Bernardo
Flávio Trindade
Engº Ramiro Salgado
António Lopes
Loftspace - Projectos Lda.
Coordenação
Rui Correia
Francisco Machado dos Santos
Arquitectura
Rui Correia
Isabel Ventura
Mariana Costa
Importante colaboração e parceria no desenvolvimento deste projecto
Mad4Ideas - IT, Design & Solutions
Susana Guiomar
Rui Pinheiro
Tiago Almeida
Vídeo
Nuno Beira
Ilustração
Ana Guedes
José Leal
Sociedade de Construções, Lda.
José Leal
Pedro Leal
// CONTACTOS.
NRBU - Nuno Ramiro Bernardo
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4400-115 V.N.Gaia
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e Consultoria
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José Leal
Sociedade de Construções, Lda.
Rua da Boavista, nº480
4620-401 Nespereira - Lousada
email jose_leal_sc@hotmail.com
Loftspace - Projectos, Lda.
Rua S. Dinis, 309, 1ºDto
4250 - 435 Porto
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